Bhakti não é mera busca por conhecimento.




Muitas pessoas pensam que a mera busca pelo conhecimento védico ou filosofia visando satisfazer a curiosidade intelectual está conectado com bhakti-yoga. É certo que o conhecimento védico ajuda o praticante da devoção pura, no sentido que os Vedas nos dão as diretrizes e regras para o progresso espiritual. Porém há um abismo de diferença entre o estudo védico visando seguir as regras e ensinamentos e o estudo buscando satisfazer ou estimular a aspiração intelecto-filosófica do indivíduo.
Isto é proclamado profusamente nas escrituras, que estudar os Vedas simplesmente para saber as histórias do Senhor, ou meramente deleitar-se com os pasatempos não é bhakti e sim desfrute – kama.

   Grandes santos puros Vaishnavas tem declarado, aqui vou citar alguns exemplos: Srila Bhakti Rakshak Sridhar Maharaj disse em seu livro “Sermons of the guardian of devotion’. “Se lemos o Bhagavata por nossa própria conta, pode ser que obtemos algum conhecimento, mas nunca devoção. Ler as escrituras não será devoção a menos que façamos sob a guia do Vaishnava. Ao seguir o Vaishnava, nosso vínculo com o Senhor está garantido. Sadhu sanga-nama kirtan .. Pode-se cantar os santos nomes apenas na compania dos devotos e aí qualquer serviço executado chegará até Ele (Sri Krishna). E quem garante isso? A resposta é que Seu agente esta dizendo e por isso estou me ocupando nisso.”

Assim, vemos que qualquer serviço executado por ordem do devoto puro Vaishnava, tudo esta garantido. Se lemos qualquer livro sem a ordem do Vaishnava então isso não é bhakti e sim mera busca por filosofia seca.

Srila Bhakti Ballabh Tirtha Goswami Maharaj costuma contar uma história de como as pessoas simplesmente anseiam por conhecimento barato. “Em Calcutá, havia um senhor que vinha ouvir minhas aulas todos os dias, durante 9 meses ele veio diariamente ouvir hari katha. Depois deste tempo ele desapareceu e nunca mais voltou. Após uns 2 anos vimos este mesmo senhor na rua e perguntamos a ele. ‘Oh, como você está, porque não vai mais ouvir hari katha?’ O Senhor respondeu. “Eu quero ouvir coisa nova, durante 9 meses você falou a mesma coisa em suas aulas.” Esta foi a resposta dele. Guru Maharaj então disse aos seus discípulos: “Vê? Este senhor estava apenas tentando satisfazer seu estímulo intelectual, na verdade ele não compreendeu nem uma palavra do que eu disse. Se alguém acha que escutou muito sobre Dhruva e Prahlad, então certamente ele não escutou nenhuma vez. Mahaprabhu mesmo escutou 100 vezes de Gadaddhara Pandit e ainda sim não ficou satisfeito ‘Quero escutar mais!’ Exclamava Mahaprabhu. O ouvinte sincero se sentirá mais ávido por ouvir cada vez mais. A cada momento terá uma nova revelação.

Assim, vemos a diferença entre o real escutar e o superficial. Bhaktivinoda Thakur diz também: “O leitor superficial procura ler um livro visando extrair conhecimento dele, e quando sua curiosidade é saciada ele fica satisfeito. Ele se julga muito inteligente, porém tal busca por conhecimento aprisiona os ensinamentos assim como um carcereiro aprisiona um criminoso! O leitor progressivo lerá um livro visando seguir os passos do autor no progresso do seu próprio desenvolvimento e também corrigir os erros de sua conduta.”

Por estas palavras destes grandes Acharyas Vaishnavas, vemos que embora a leitura de um livro védico, externamente pareça ser a mesma coisa em diferentes classes de devotos, há um abismo de diferença entre tais tipos de leituras. A leitura é apenas positiva quando é realizada sob a guia de um expert, o Vaishnava puro, e com o objetivo de seguir as instruções de tais textos, e não meramente saber as histórias contidas nele e assim satisfazer o intelecto material e falho.


Baladeva das brahmachari

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